Essa frase pequena e singela diz uma verdade ampla e profunda.
Ao longo da nossa vida nós vemos passar muitas pessoas, e a maioria delas em
determinado ponto da nossa caminhada se tornam "amigas". Tão amigas
que até passamos a conviver com ela diariamente, a confidenciar nossas coisas,
a pedir conselhos e tudo o mais.
Mas eis que um dia há um problema qualquer e a amizade acaba.
Acaba mesmo, de tal forma que a pessoa não faz nenhuma falta, e até achamos
muito melhor que ela não faça mais parte da nossa vida. As pessoas realmente
passaram e não deixou boas lembranças... É então que paramos para pensar: será
que algum dia houve mesmo uma amizade? Como não, se haviam altas conversas,
risos e muitas coisas que caracterizam uma amizade?
Como pode uma amizade ter todo o jeito de amizade e no fim
percebermos que nunca houve de fato amizade, apenas o que podemos chamar de
coleguismo? É quando podemos aprofundar na frase de Mário Sérgio Cortella e
refletirmos que se acabou é porque nunca começou...
O que caracteriza a amizade não são os risos, as conversas ou as
confidências, mas o *afeto*. Aquele afeto especial que nos faz amar
acima dos risos ou choros, das conversas ou do silêncio, das confidências ou
dos segredos. Aquele afeto que existe indubitavelmente, independente da pessoa
ser boa ou má companhia num determinado dia, dela estar feliz ou triste e até
dela estar do seu lado ou contra você.
A verdadeira amizade não acaba porque o afeto verdadeiro não é
algo que pode ser apagado da nossa alma, não é algo que exige recompensas ou
que reflita qualquer tipo de interesse de nossa parte. O afeto apenas existe e
só. O tempo e a distância não apagam a chama, não modificam os sentimentos e a
pessoa continua existindo na nossa vida e no nosso coração mesmo sem estar
presente, mesmo sem contato algum. Como diz o antropólogo Magnani: "Na
amizade sólida o tempo é uma contingência. Não afasta, apenas adia". Podemos
passar anos a fio sem até notícias de um amigo, mas quando o reencontramos é
como se nenhum dia houvesse passado, apesar das novidades que certamente
ter-se-á para partilharem.
A verdadeira amizade pode sofrer abalos
sísmicos até gravíssimos, mas nunca será destruída... Se os abalos a
destruírem, é porque ela era apenas ilusão...
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